sexta-feira, 22 de julho de 2011

Sonho de uma manhã de verão

Eu ainda lembro das horas que passei, pensando, repensando, planejando, e desfazendo futuros prósperos de nós dois. Lembro bem, mas confesso que não sei especificar. Não sei ao certo se foram horas, alguns minutos, segundos. Sei que devo ter perdido a aula de alguma teoria chata que esqueci.
Deixei de lado lápis, caneta e caderno. Deixei até mesmo de cochilar enquanto apenas olhar pra janela me fazia sonhar. Comprei uma lapiseira nova, pois talvez ela me trouxesse um pouco de concentração, o que claro não funcionou. Assim como a velha tentativa do caderno mais bonito, a borracha colorida, nada.
Desde sempre, ou pelo menos de que me lembro. Quando nem ao mesmo beijar na boca eu podia. Sempre tive essa mania de super valorizar qualquer sentimento, ou qualquer inicio de paixão. Acho que entrei muito de cabeça na história de encontrar um príncipe encantado.
Todo sentimento novo, mesmo que fosse a velha e conhecida paixão. Eu fazia questão de ignorar, de tentar acreditar que era diferente, que dessa vez daria certo. Que eu casaria, e viveria feliz para sempre, numa casa nas montanhas cercada de filhos (ou não).
Não sei se com você foi diferente, talvez não. Planejei namoro, noivado, casa e possíveis nomes de filhos. Enquanto o professor insistia em fixar seus olhos em uma carteira qualquer de alguém que provavelmente estava prestanto atençao, em alguma teoria criada há séculos. Eu não ligava.
Sempre foi mais divertido pensar em você do meu lado, mesmo que fosse me chingando por querer um azulejo escandaloso de mais para o banheiro de visitas. Minhas amigas perderam a graça de me acordar, por que eu não dormia, apenas sonhava. Acordada.
Acordada demais para me dar conta que sonhar tão alto, traz um tombo muito maior. Meu tombo sempre vinha com o sinal, ou com alguém me cutucando pra ter companhia pra ir a cantina. Não gostava mais de mim, gostava de nós.
Gostava da aula, da sala, do professor da teoria mais chata que nunca prestei atenção. Gostava de nós dois, juntos. Mesmo que fosse na minha distração, movida por Piérre Lévi ou Artaud, ou por qualquer outra coisa que pudesse me levar pra longe de mim.

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